quinta-feira, 22 de abril de 2010

Uma tarde para pensar...

Nos seres humanos estamos constantemente em mutação, isso por conta de processos biopsicossociais. A linguagem é o veiculo da nossa comunicação, sendo essa constante influenciadora em nossas vidas. O processo de comunicação transforma, dentro de um determinado contexto, o homem e o homem transforma esse processo de comunicação, dentro de suas subjetividades ele acaba por contribuir na constante modificação do processo comunicativo, ou seja, onde existem relações sociais existe comunicação, logo esse processo comunicativo é modificado pelos indivíduos que se encontram inserido.

A linguagem é um processo produtor de valores, valores esses que moldam o homem, que nos engessam o comportamento, esses valores constituem uma determinada linguagem de um determinado grupo social, valores necessários para uma boa convivência, mas que acabam restringindo o ser humano deixando-o com uma visão limita de mundo. Quando aprendemos a linguagem, aprendemo-la moldada nos âmbitos da sociedade em contexto, esses moldes determinam a visão, comportamento, e até a forma de vida do individuo desde o seu nascimento a sua velhice, fazendo com que o mesmo absorva a ideologia desse contexto, condicionando-o a determinado ponto de vista. Quando se encontram choques de idéias na família podemos entender que esse individuo tem uma visão “distorcida” da visão familiar/social do meio em que vive, a linguagem media esses valores ideológicos e quando o individuo tenta sair desses valores que o engessam bate de frente com os valores aprendidos, gerando um conflito interno e externo.

Bom ai entra a forma de poder que a palavra tem, quando impomos um significado único a palavra ela tem o poder de dominar o individuo, cito aqui o exemplo da homoafetividade, os valores gerados historicamente para tal fato determinam que indivíduos dessa “categoria” estão fora dos padrões de “normatividade” por N motivos. Quando um individuo entra em contato com sigo mesmo e descobre essa condição seus valores adquiridos socialmente são confrontados, gerando primeiramente conflitos internos com seus valores aprendidos pelo poder da palavra que estigmatiza tal fato, quanto pelo fortalecimento que a sociedade e o próprio individuo dão ao fato, após esse primeiro momento de confronto e desconstrução desses valores ele passa a mais um confronto: o social. Tentando agora modificar suas ações “instintuais” (de ser o que realmente é) para viver dentro dos valores que o aceitem, ou ainda confrontando a sociedade de uma forma a expor os seus novos valores, mostrando que por mais que sejam “novos valores” ainda sim são “normais” apenas são diferentes do contexto que ele vive, diferentes do que o grupo social admite. É nesse momento que entra a forma de poder da palavra para elucidar o seu novo discurso, de seus novos valores, como dito inicialmente fazendo com que o processo de comunicação faça os indivíduos mutáveis, sujeitos a todo momento a mutação de valores, conceitos, e formas de expressão da comunicação seja ela expressa em palavras, gestos ou formas de expressar o sentimento com relação ao outro individuo.

À medida que podemos comparar as representações de si podemos modificá-las, tendo primeiro o objeto em questão e depois o objeto a ser modificado. Com essas comparações podemos modificar as formas de comunicação, no decorrer que nossos comportamentos vão se modificando ao longo da história, tento alguns comportamentos como uma forma de releitura da expressão dessa comunicação. No exemplo citado: na Grécia antiga esse comportamento homossexual era aceitável em determinado contexto, hoje sabe-se que ainda estamos em processo de melhor conhecimento, modificando as expressões aceitas antigamente como distúrbios que ainda hoje são entendidas erroneamente como tal.

Nos comunicamos através da palavra, gestos e expressões todas essas filtradas pelos nossos valores, pelos valores que a sociedade em questão rege e admite como um normativo de vivencia. A comunicação traz constante mudança para o homem em sociedade modificando seus filtros modificamo-nos e modificamos a linguagem e suas varias formas de expressão de si e do mundo circundante.

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