segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Construção desajeitada

O sofrimento... Porque sofremos? Temos essa moral antiga, que absorvemos de nossos pais, da sociedade em que vivemos de tudo o que esta em nossa volta, e muito absorvemos da religião.

Essa “moral”, ou seja lá o que for, nos reprime os sentimentos de sermos o que somos, ela nos sufoca, nos tira o ser EU de verdade, ela nos padroniza como produção em série, se você não é igual você é descartado, ou não é aceito. E aprendemos a crescer em volta dessa sociedade para sermos aceitos, mas essa forma de ser aceito é seguir um padrão e mudar o que realmente somos, e ai entra o sofrer!

Sofremos, para sermos iguais, reprimindo o que somos dentro de nós deixando de lado nossa face ocultando-a com uma máscara. Sofremos mais ainda em tentar se desvencilhar dessa máscara que de tão aderida em nós, nos confunde em o que sou e o que ela é, passando a ser quase uma só, confundindo o que fomos realmente um dia. Sofremos em querer ser nós mesmos por não seguir esse padrão pré-determinado pela sociedade.

É um processo doloroso deixar essa máscara e dar à face nua a tapa, a dor é maior! E então por que ainda admitimos usar essa máscara?

Somos frágeis em si, e essas máscaras nos ajudam a esconder isso, crescemos em um mundo difícil e para sobreviver nele temos de ser fortes, uma tarefa que não é fácil, reprimir sentimentos que acreditamos, por ignorância, serem fracos e a cada vez que reprimimo-los, essas máscaras vão ficando mais coladas em nós, deixando o processo de “transformação de si mesmo” mais difícil, mais doloroso, mais sofrido.

Esse processo leva anos, eu mesmo estou passando por isso, de arrancar essa máscara tão dolorosamente anexada em mim, há alguns anos iniciei esse processo, por ser homossexual aprendi a lidar com isso, enterrar velhos costumes, velhas idéias de que o que eu sinto é errado ou feio, hoje eu digo a todos, que eu não amo a um gênero, eu amo uma pessoa, deixar esses velhos conceitos não é fácil é tarefa dura, deixar de viver a sua vida para os outros e viver ela para você mesmo!

É a tarefa mais difícil viver para si mesmo, e deixar de viver para os outros, algo que aprendemos desde que nascemos, hoje eu sei que quando amar alguém é aquele individuo que estou amando e não a um gênero, um substantivo homem/mulher e sim a uma pessoa, uma pessoa que sente como eu que acima de tudo Ama como eu.

Esse processo de resgatar o Eu do Mim é algo complicado, mexendo com todas as nossas forças, com todas as nossas idéias antiquadas, transformando-as e cada transformação é dolorosa, assim com a lagarta deixa de ser lagarta para se transformar em uma bela borboleta, é essa metamorfose doída que precisamos passar para fixar em nossas almas que é mais importante a transformação do que a inércia.

Esse sofrimento necessário ao nosso aprendizado como pessoa, como ser que vive para si e não para a moral que achamos ser a correta. Precisamos parar e pensar no que é bom para nos e o que não é bom para nos, e se essa moral esses costumes essa forma de viver é ruim temos de deixa-la de lado e começar a construir uma nova idéia do seu viver.

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